O PAÍS
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - A ÚLTIMA FRONTEIRA
ENTREVISTA COM GERSON NASCIMENTO
Afinal o que é Inteligência Artificial?
Inteligência artificial é uma nova etapa na evolução tecnológica, sucedendo aos processadores que eram capazes de efectuar cálculos e que depois, evoluíram para a utilização de sistemas programáveis. No modelo de IA (Inteligência Artificial), o processamento de informações ocorre baseado em experiências anteriores. Um método semelhante ao nosso cérebro, uma vez que recebemos informações e vamos processá-las para adquirir conhecimento.
A Inteligência Artificial, recorrendo da utilização de algoritmos, possui a capacidade de gerar previsões. Ela pode auxiliar a prever quem será o próximo presidente do país, quais são os países que estão mais propensos à propagação de doenças, quando será o próximo terramoto, qual a probabilidade de haver uma crise económica na próxima década, qual a capacidade de crédito dos clientes ao banco, entre outros.
Facilmente é perceptível que, a aplicação quotidiana da Inteligência Artificial pode ser usada tanto para previsões de factos gerais sobre a economia, natureza ou política, como também para prever o comportamento individual.
Não há dúvidas quanto à relevância económica e social das decisões tomadas com base em algoritmos e seria mesmo difícil imaginar uma sociedade moderna e evoluída, sem a utilização de algoritmos. Uma das funções mais importantes do processamento de dados por meio de algoritmos é fornecer a base para decisões económicas, de modo a contribuir para a mitigação de riscos nos negócios.
Riscos e Desafios Éticos da IA.
Com a relevância que a IA tem recebido recentemente por parte de meios de comunicação, acadêmicos e círculos políticos (principalmente devido a conquistas significativas em aplicações de Machine Learning), existem uma série de desafios éticos que surgem.
A IA facilita a delegação de tarefas importantes em sistemas autónomos. No entanto, em circunstâncias específicas, devem permanecer, sujeitos à supervisão humana. Os desenvolvimentos tecnológicos da IA também podem desvalorizar competências humanas, nomeadamente em áreas sensíveis, como o diagnóstico médico. Se, por exemplo, dentro de algumas décadas, houver uma escassez de especialistas humanos capazes de diagnosticar o cancro, a sociedade estará mal preparada para o mau funcionamento da IA e para lidar com eventuais consequências.
A Iteligência Artificial e a Saúde.
Os recursos da Inteligência Artificial aplicada à saúde, permitiram que as aplicações de identificação de doenças avançassem para um patamar de maior precisão. Capaz de realizar leituras de imagem com maior precisão, as aplicações são mais assertivas e rápidas.
Assim, alguns equipamentos reconhecem informações difíceis de serem examinadas por recursos humanos, optimizando a capacidade de diagnóstico pela integração por parte dos médicos.
Ao fazer um histórico manual, a clínica e os médicos dependem dos procedimentos dessas informações para que as mesmas estejam actualizadas e os perfis dos pacientes estejam actualizados e completos.
Com o registo electrónico, as aplicações podem ser programadas para cruzar informações clínicas de forma mais elaborada.
Tal função permite uma melhor visualização dos históricos clínicos e, consequentemente, ajudam na designação de intervenções. A Inteligência Artificial desenvolve métodos de tratamento baseados em dados, aumentando, assim, as hipóteses de recuperação dos pacientes. Por exemplo, no caso de cancro, a IA é utilizada para produzir medicamentos através de informações sobre genomas, tornando possível trabalhar com procedimentos personalizados que aumentam a eficácia do tratamento.
Inteligência Artificial nos Serviços Financeiros.
Ao implantar a tecnologia de Inteligência Artificial os bancos teriam os custos reduzidos drasticamente, além de melhorar as funcionalidades e aumentar as ofertas. Com a capacidade de encontrar, reunir e analisar grandes quantidades de dados instantaneamente, a IA pode detectar pontos de alerta assim que eles ocorrem, o que ajuda na detecção de fraude, bem como evitar o roubo de fundos e informações pessoais. Empresas como a MasterCard e a WorldPay têm utilizado a IA há muitos anos para detectar padrões de transacções de fraude.
Bancos em todo o mundo, especialmente na Europa, começaram a substituir as abordagens mais antigas de modelagem estatística por Inteligência Artificial e tecnologias de processamento cognitivo. Ao adoptar esse tipo de aplicações, alguns bancos experimentaram um aumento de 10% nas vendas, uma economia de 20% nas despesas e um aumento de 20% na recuperação de dinheiro.
A tecnologia de Inteligência Artificial pode ajudar com a gestão do risco de crédito ao prever com precisão quais os clientes que são mais propensos a cancelar o serviço ou a ter incapacidade de pagar os seus empréstimos. A análise de perfis pode determinar se alguém é de alto ou baixo risco ao investigar através de variáveis, relações, interacções, dependências, associações e muito mais. A prova de que a Inteligência Artificial possui um valor inestimável para os serviços financeiros é a adoção do IBM Watson, solução de IA da IBM por diversos bancos a nível mundial.
De forma a ilustrar como a tecnologia de Inteligência Artificial é vital para a área financeira, considere que 73% das pessoas com idade entre os 18 e 35 anos nos EUA, preferem ter os seus serviços financeiros tratados pelo Google, Amazon e Paypal, em vez de seu próprio Banco.
Conclusão
Ainda há tempo, a Inteligência Artificial existia na mente das pessoas como sendo parte de um tema de filmes. No entanto, com o passar do tempo, assistimos a um desenvolvimento exponencial nesta área tecnológica, muito devido à crescente utilização dos algoritmos matemáticos acabando por passar a fazer parte da vida dos humanos e a estar presente no dia-a-dia das pessoas, das mais variadas formas, ainda que não seja perceptível.
Para os seres humanos, este é um tema que comporta variadíssimas considerações éticas do limite que deve ser imposto à Inteligência Artificial, sendo sempre uma discussão para a nossa sociedade, mesmo já se tendo a percepção de que a Inteligência Artificial veio para ficar.